sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Brincador

Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou
professor. Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for. Quero
brincar de manhã à noite, seja com o que for. Quando for grande, quero ser um brincador.
Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser
um médico, um engenheiro ou um professor. Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer.
Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito
mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador... A minha mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida. E depois acrescenta, a suspirar: "é assim a vida". Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar. A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser um brincador. Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha
porta. Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta. Na minha sepultura, vão escrever: Aqui jaz um brincador.

Álvaro Magalhães

Sem comentários:

Enviar um comentário